(ou pequena pausa nos posts felizes)
No
Nkhululeko,
este post e
este mostram, de forma eloquente, problemas que corroem a sociedade moçambicana, desgastam a democracia e a paciência do cidadão. E não falam da corrupção do judiciário, do deficiente acesso à justiça, da pobreza, do analfabetismo, do pandemia do HIV, da criminalidade, da burocracia. Prendem-se com a postura perante todos estes problemas. Aí reside a maior das angústias, porque aí se dilui a crença de um outro Moçambique possível.
O primeiro, fala da transformação dos problemas em forma de vida, ou se preferirmos, fonte de receita.
«Memórias, relatos, discursos, diagnósticos, péssimas repetições, desculpas previsíveis, pompas, gravatas, marcas, mas sobretudo vazios. Ausência de tudo. Que importa? Rende e rende bem.», diz-se. Lembro-me
das minhas angústias lá de baixo. E de um relatório lançado sexta-feira. Também neste, tanta pompa para tanto medo de falar e trabalho de casa feito a correr. Não é preciso mais, os objectivos estão cumpridos, o bolso engordou, o trabalho está cá fora, a edição não é má e a distribuição até é gratuita
(chegará a quem?). Mas, não adianta colocar todo fardo em cima de uma geração, ou de quem a segue. Cada um tem o seu papel e chega de um país onde ninguém tem culpa. Estamos a cumprir o que nos cabe? Sabemos que é tempo de sermos mais audazes nas poucas oportunidades que restam.
Em relação ao «estamos felizes», não, não estamos, por muito que a m-cel nos queira convencer (e por muito jeito que dê ao poder político
(eles adoram-se!!)). A imagem mostrada é a antítese da que a STV optou por mostrar. Algures confirmou-se a ausência do músico, dando-lhe pouco relevo e desresponsabilizando a organização, que, infeliz!, desconhece os motivos. E elogiou-se a segurança, feita de polícias e cães, bem com os serviços de primeiros socorros. Adivinhava-se, claro. O que mostra
este post é a imagem quotidiana do autoritarismo, do segurança que dita o dia de alguém. O que mostra a televisão, estou cada vez mais convencida, é muita desinformação. Estamos fartos, estamos muito fartos. E o Verão amarelo começou, não é tempo de problemas.