terça-feira, julho 25, 2006

Imagem




Uma vez, em conversa com um fotógrafo premiado que lhe mostrava um trabalho feito em Moçambique, uma amiga deixou escapar que, neste país, para se ser bom fotógrafo, basta ter máquina fotográfica. Eu acrescento, nem precisa de ser muito boa. O país é fotogénico, é inquestionável. Sei que há bons fotógrafos moçambicanos. Longe de mim pretender criticar-lhes tecnicamente o trabalho, mas, confesso, ir a exposições de fotografia por estas bandas começa a ser redundante. São crianças de olhos postos na câmara, mulheres com msiro na cara, capulanas coloridas, praias de sonho, mais e mais e mais (do mesmo). Os estrangeiros acabados de chegar deliciam-se, claro.

Sobre isto, há duas questões que gostava de abordar: uma prende-se com o que fica de fora, a outra com o direito das pessoas à imagem.

1. Há uns tempos, o Mia Couto escreveu um artigo, que não posso citar dado o jornal ter seguido o caminho de jornal velho, onde lembrava que Moçambique não é apenas o rural, mas também o urbano, por mais que os turistas não queiram. Contrariava a imagem do «verdadeiro Moçambique» («ohh, tão étnico!», maravilham-se uns, caricaturam outros). Não é assim tão raro, quando estou em Portugal, as pessoas surpreenderem-se com informações que vou deixando escapar sobre a vida urbana de Maputo (sim, ela existe!). Não é ignorância totalmente injustificada, as imagens que passam são francamente parciais.

2. Gosto desta fotografia. Tenho outros olhares expressivos, mulheres e crianças bonitas guardadas na memória do meu computador. É a segunda vez que os exponho num blog e, sempre que o faço, não deixo de ter dúvidas. Por todo o lado, em qualquer exposição, encontramos fotografias lindas que usam imagens de pessoas. Algumas dessas fotos são vendidas, talvez até premiadas. E as modelos? Verão os seus direitos assegurados? Darão autorização de divulgação da imagem? A minha não deu. Espero encontrá-la na próxima semana e levar-lhe esta fotografia. Talvez deva dizer-lhe a verdade.

5 comentários:

greentea disse...

aqui voltarei...

Pé de Tulipe disse...

Olha, mais um chá! Bem vindo ao Gurué!

Anónimo disse...

Este blog é muita fixe!!! Um blog descomprometido! Gostei! Também gostei da parte "O blog é meu! Quem manda sou eu!" Se eu tiver um blog, sabe deus quando, também há-de ser assim! Por agora, aguarda-me uma deliciosa alheira, numa tasca ali na costa da caparica! Não há blog que a supere :) Beijos enormes!!!

Pé de Tulipe disse...

Obrigada Sílvinha! Bem que podias fazer o grande blogue da alheira. Que dizes? A mim agrada-me a ideia... eu sirvo o chá no final!

Anónimo disse...

É pá, que grande ideia!!! Vou já propor a ideia à Tânia!!! Ela pode contar a história das alheiras em episódios!!! E eu apresento diversas formas de comer alheiras e truques para não se ter uma indigestão :)