segunda-feira, setembro 04, 2006

Integridades

Sexta-feira teve inicio um seminário sobre reforço e integridade dos magistrados. A sala estava cheia, entre juizes vindos de todo o país, ministra da justiça, representantes de ONGs, corpo diplomático e eventualmente alguns não convidados (era o meu caso). A pompa foi a esperada. Trajes formais (os sapatos feios e a as gravatas do costume), povo em pé à entrada das excelências e hino nacional. Não sei se é assim desde sempre, mas ao ler isto e isto, entendo o arremeter à força do hino nacional, sem receio da sua banalização. «Ai, um dia hão de aprender a gostar!». E assim dá-se início a um seminário de três dias, com dois de intervalo (começa na sexta e retoma na segunda). Os que vêm de fora agradecem. Dá-se largas à imaginação para gastar dinheiro. E discute-se integridade. A presidir à cerimónia está aquele senhor, perdão!, sua excelência Senhor Juiz, que preside ao mais alto tribunal do país. Há uns tempos, um relatório da USAID sobre corrupção nos tribunais deixava muito mal vista a justiça, em particular o tribunal supremo e o seu presidente. Nem chegou a chamuscar, a vida seguiu em frente e não houve lugar a justificações. Justi... quê!? E lá estava ele, senhor da justiça, a admitir que a corrupção é um mal que afecta o judiciário, mas que ser incorruptível não significa ser íntegro. Entre outras coisas, importa a forma como nos comportamos na vida pública e privada (é bom acrescentar indicadores à integridade, pode ser que se salve algum!). Depois da abertura, foi a vez do Centro de Formação Jurídica e Judiciária apresentar os relatórios sobre o perfil dos magistrados e dos oficiais de justiça. Assim, a parte científica do seminário coube à instituição que há uns dias o presidente do evento punha em causa, acusando-a de manipular a selecção de formandos para o curso de ingresso à magistratura, sem sentir necessidade de explicar como isso acontece ou o que o conduz a tais acusações (Jornal Meia Noite, 29 de Agosto). E perante tal pompa, ao fim de três exposições por parte dos investigadores do CFJJ que elaboraram os relatórios, não surgiu uma pergunta, um comentário ou uma crítica por parte dos juizes ou da própria ministra da justiça... O almoço não era mau.

PS. Este chá anda um bocado amargo. Para breve, um chá de magia...

6 comentários:

Anónimo disse...

Ai...! Voltou quentíssimo o chá! Semelhanças...! Solução?

Anónimo disse...

Revolução?

Anónimo disse...

Já tiveram uma...! Intestinal? Desgravatar os gases...

Pé de Tulipe disse...

Ai, pk?, perdão, mas é uma forma algo reaccionária de pensar novas revoluções... Mas, ok, deu para ver que não é esse o caminho que escolhe. Pergunto eu: e agora? Soluções?

Anónimo disse...

reaccionária?! Sinceramente não percebo porquê. Imagino o desgravatar e o o expelir da podridão desse sistema. Haverá algo mais libertador?

Anónimo disse...

;)